bailaroska

Bailaroska. (Quase) desde sempre e para sempre. Mesmo quando as pernas já não executarem um perfeito arabesque, quando os pés não aguentarem as pontas e o equilíbrio se for. Porque mais do que uma ocupação, ser bailarina é um estado de espírito e um modo de vida. O meu. Aqui fica o relato das minhas piruetas, dentro e fora dos palcos...

terça-feira, março 16, 2010

O Tutear

Não sou pessoa de grandes formalidades. Sou até bastante, muito, descontraída. Na maneira de vestir, de ser, de estar. Comigo e com os outros. A aposição do "Dr.ª" atrás do meu nome não me causa satisfação acrescida e a sua ausência não me belisca a dignidade.
Irritam-me aqueles que se apresentam como se tal título fizesse parte do seu nome: "Bom dia, sou a Dra. X". A não ser que tal conste da certidão de nascimento, abstenham-se!!

Mas daí a perfeitos desconhecidos tratarem-me, mulher de quase 30 anos, por TU, vai uma distância bem grande que perfiro não seja atravessada. Já me causa certa mossa em situações casuais, como num cinema, num café, numa direcção pedida na rua, mas tolero. Mas fazerem-no quando me encontro no exercício do meu trabalho? A simpatia que tanto me é atribuída por estas bandas (modéstia à parte), sai pela janela. Sobretudo quando insisto em tratar o meu interlocutor na 2ª pessoa do plural e sou sobejamente ignorada.

TUdo tem limites.

3 Comments:

  • At 16/3/10 15:47, Blogger Taralhoca said…

    Oh pá, que queres TU?! TU não sabes que há gente que não se "enxerga". Por muito que TU tentes corrigi-los discretamente. TU trata de fazer ouvidos de mercador e de aguentar os TUísmos, que já és uma mulherzinha de 29 anos! Repito, 29 (qual quase trinta!!!)

     
  • At 16/3/10 17:38, Blogger [m.m. botelho] said…

    Também me acontece, mas, felizmente, cada vez menos. Sucede que eu também sou muito diplomata, mas muito pouco facilitista.

    Quando eu trato o interlocutor pelo nome, ou por "Dr." ou por "Senhor" e o interlocutor me trata por tu, eu digo, letra por letra o seguinte: «Vou pedir-lhe um favor: eu não aprecio que as pessoas me tratem por tu sem que eu lhes dê permissão para tal. O Senhor/Dr./Fulano não faz parte da minha esfera de amigos, sendo o nosso contacto meramente profissional. Por isso, não tem qualquer sentido que nos tratemos de outra forma senão de acordo com o que são os usos profissionais. Não precisa de me tratar por "Dra.", agradeço-lhe é que não me trate por tu».

    Acredita, Mariana, quem fica encavacado é o outro, não tu. A esmagadora maioria das pessoas emenda a mão (comigo, todas à excepção de um palerma de um oficioso que ainda por cima é ais novo do que eu).

    Quando as pessoas não sabem pôr-se no seu lugar, devemos ser nós a fazê-lo, sob pena de compactuarmos com gestos incorrectos. Se ninguém os chamar à atenção, persistem no comportamento.

    Esse oficioso que referi, no primeiro interrogatório de arguido detido virou-se para mim três ou quatro vezes e disse-me "diz". Nas duas primeiras vezes, eu achei que tinha ouvido mal, mas depois tirei a limpo que não, que era mesmo "diz". E virei-me para ele e disse-lhe: «Senhor Fulano, não sei se não lhe explicaram ou se o senhor ainda não percebeu, mas eu explico: eu sou sua Advogada, não sou sua amiga, portanto, faça o favor de, quando se dirigir a mim, me tratar como sua Advogada e não por tu». Ele respondeu : «Está bem». E volta e meia voltava a tratar-me por tu. Aí eu passei a ignorá-lo. De cada vez que ele me dizia "diz" ou "olha" eu não lhe respondia. Ao telefone (ficou em prisão preventiva) é mais complicado, mas eu simplesmente não respondo. Quando ele me trata por tu eu digo que não percebi bem, que repita. Ele repete. Eu volto a dizer que não percebi, ele repete. Eu digo que já lhe disse que não me trate por tu, ele corrige. E assim vamos andando.

    Dá trabalho? Dá. Mas eu prefiro ter trabalho a dar abusos. Haja pachorra.

    Beijinho.

     
  • At 16/3/10 19:23, Blogger paula said…

    que bela gargalhada eu dei agora!! =))

    concordo totalmente, e acho que deves adoptar a resposta da marta (mas põe uma câmara escondida no cartório e depois mostra-nos a cara das pessoas, que eu gostava). mas o que me deu vontade de rir foi outra coisa... é que... se há 5 anos, há 4 anos uma pessoa num café NÃO te tratasse por tu, ficavas - e ficávamos todas - incomodadas!!

    sabes o que te digo? estamos a ficar veeeeelhaaaaas!! mas como o vinho do porto, sff ;)

    beijinho a todas

     

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