Somewhere over the rainbow
Passados alguns dias, a dor que me invadia a cada minuto vai diminuindo, sendo substituída por uma saudade mansinha...
Embora seja impossível não estar constantemente a pensar "há uma semana estava a fazer isto, agora aquilo...", sou já capaz de fazer o relato de uns quantos dias maravilhosos (embora me pareça que muito poucas pessoas encontrem nele algo interessante...)
5ª Feira
8h da noite. Rumo ao Teatro, entrando pela "porta dos artistas", pela qual não passava há mais de 3 anos.
Empurro a porta que dá acesso ao palco: a escuridão em que este se encontra mergulhado contrasta com a luminosidade da plateia e o balcão, ainda sem público, imersos num absoluto silêncio. Os adereços já se encontram devidamente posicionados, prontos a serem usados.
Uma porta mais e entro no ambiente festivo dos bastidores. Frente a frente, o camarim dos solistas e o do staff são os mais animados. Em frente aos espelhos com luzes, bailarinos, técnicos e professores afadigam-se em pinturas, penteados e preparativos vários. Em cima da bancada, misturam-se sombras, rímeis, frascos de gel, pacotes de bolachas e invólucros de chocolates.
As nossas estrelas são coladas nas portas.
Fazemos, então, o 1º ensaio no local, o qual se prolonga para lá da meia noite.
Numa excitação quase infantil, custa-me conciliar o sono.
6ª feira
A manhã de trabalho passa a correr, na ânsia da tarde que se avizinha.
A plateia está repleta de miúdos de várias escolas do concelho que vieram assistir ao ensaio aberto. Uma pequena estreia, ainda sem o brilho da mesma mas já com o peso de alguma responsabilidade.
Os nervos afloram à pele e ao coração e o meu solo corre desastrosamente... Para levantar o ânimo, nada como o apoio dos colegas, que com as suas piadas me fazem rir e com os seus abraços me confortam, bem como um hamburger à Ramona repleto de calorias para repor as energias perdidas.
Sábado
O grande dia. A grande noite.
Começa bem cedo, com entrada às 9h da matina no espaço que começamos já a considerar a nossa 2ª casa. Ensaio geral com todos os participantes, dos 2(!!!!) aos 29 anos.
Enquanto não chega a nossa vez, da plateia apreciamos o espectáculo já montado, aplaudimos os nossos amigos e ajudamos as mais pequenas a prepararem-se.
O apelo do Teatro é grande, pelo que após uma breve fugida a casa para petiscar algo, estamos de volta. Pela milésima vez quero repetir o meu solo, mas os pés doridose as unhas pisadas pedem descanso, pelo que nos limitamos a um agradável convívio, saboreando as últimas horas antes da abertura do pano.
Cheira a estreia.
Na sala de ensaios, aquecemos os pés e o corpo e extravasamos as energias no nosso já habitual grito colectivo.
Nas televisões instaladas nos nossos camarins, observamos a chegada do público. Temos casa cheia!
A música começa. O espectáculo, preparado com tanto cuidado ao longo de tantos meses, é finalmente apresentado aos olhos de 3ºs.
Tudo corre bem e os minutos passam a correr.
Chega o 3º acto: a Fada do Sul está nervosa, apesar do Victan tomado umas horas antes. A adrenalina cresce à medida que a música que antecede a minha termina. Enfrento, finalmente, o público: de alguma forma, consigo acalmar-me e até aproveitar os minutos para oa quais tanto ensaiei.
O pano cai e festejamos o sucesso da bossa apresentação. À saída, os elogios não se fazem esperar. "O melhor espectáculo de todos", ouve-se repetidamente por todo o átrio.
Acompanhada pelas pessoas que me vieram ver, sigo feliz para casa.
Domingo
Ponto de encontro: 12h, Majestik, onde recordamos a noite que todos concordamos ter sido fantástica.
Mas não há tempo a perder, pois mais dois espectáculos, também eles lotados, nos esperam. O aquecimento é substituído por momentos de danças malucas e palhaçadas que nos dispõem bem.
O espectáculo da tarde, muito graças às dores terríveis de pés, não me é muito famoso, mas em geral corre bem.
Ainda falta uma última apresentação, mas a angústia do fim começa a apoderar-se de mim.
Os pés latejam de forma insuportável, as unhas sangram, mas ao entrar em palco esqueço tudo e penso em dar o meu melhor.
Quando a Dorothy se eleva nos "céus" pela última vez, as lágrimas são incontroláveis; os agradecimentos, ao som de "Somewhere over the rainbow", e últimos festejos são já banhados pela torrente de saudade do que acabou de terminar.
Abraço um por um os colegas desta longa caminhada, recordando tardes passadas entre gargalhadas, gritos e suor.
O mundo de Oz fechou as suas portas à E.B.A.
Embora seja impossível não estar constantemente a pensar "há uma semana estava a fazer isto, agora aquilo...", sou já capaz de fazer o relato de uns quantos dias maravilhosos (embora me pareça que muito poucas pessoas encontrem nele algo interessante...)
5ª Feira
8h da noite. Rumo ao Teatro, entrando pela "porta dos artistas", pela qual não passava há mais de 3 anos.
Empurro a porta que dá acesso ao palco: a escuridão em que este se encontra mergulhado contrasta com a luminosidade da plateia e o balcão, ainda sem público, imersos num absoluto silêncio. Os adereços já se encontram devidamente posicionados, prontos a serem usados.
Uma porta mais e entro no ambiente festivo dos bastidores. Frente a frente, o camarim dos solistas e o do staff são os mais animados. Em frente aos espelhos com luzes, bailarinos, técnicos e professores afadigam-se em pinturas, penteados e preparativos vários. Em cima da bancada, misturam-se sombras, rímeis, frascos de gel, pacotes de bolachas e invólucros de chocolates.
As nossas estrelas são coladas nas portas.
Fazemos, então, o 1º ensaio no local, o qual se prolonga para lá da meia noite.
Numa excitação quase infantil, custa-me conciliar o sono.
6ª feira
A manhã de trabalho passa a correr, na ânsia da tarde que se avizinha.
A plateia está repleta de miúdos de várias escolas do concelho que vieram assistir ao ensaio aberto. Uma pequena estreia, ainda sem o brilho da mesma mas já com o peso de alguma responsabilidade.
Os nervos afloram à pele e ao coração e o meu solo corre desastrosamente... Para levantar o ânimo, nada como o apoio dos colegas, que com as suas piadas me fazem rir e com os seus abraços me confortam, bem como um hamburger à Ramona repleto de calorias para repor as energias perdidas.
Sábado
O grande dia. A grande noite.
Começa bem cedo, com entrada às 9h da matina no espaço que começamos já a considerar a nossa 2ª casa. Ensaio geral com todos os participantes, dos 2(!!!!) aos 29 anos.
Enquanto não chega a nossa vez, da plateia apreciamos o espectáculo já montado, aplaudimos os nossos amigos e ajudamos as mais pequenas a prepararem-se.
O apelo do Teatro é grande, pelo que após uma breve fugida a casa para petiscar algo, estamos de volta. Pela milésima vez quero repetir o meu solo, mas os pés doridose as unhas pisadas pedem descanso, pelo que nos limitamos a um agradável convívio, saboreando as últimas horas antes da abertura do pano.
Cheira a estreia.
Na sala de ensaios, aquecemos os pés e o corpo e extravasamos as energias no nosso já habitual grito colectivo.
Nas televisões instaladas nos nossos camarins, observamos a chegada do público. Temos casa cheia!
A música começa. O espectáculo, preparado com tanto cuidado ao longo de tantos meses, é finalmente apresentado aos olhos de 3ºs.
Tudo corre bem e os minutos passam a correr.
Chega o 3º acto: a Fada do Sul está nervosa, apesar do Victan tomado umas horas antes. A adrenalina cresce à medida que a música que antecede a minha termina. Enfrento, finalmente, o público: de alguma forma, consigo acalmar-me e até aproveitar os minutos para oa quais tanto ensaiei.
O pano cai e festejamos o sucesso da bossa apresentação. À saída, os elogios não se fazem esperar. "O melhor espectáculo de todos", ouve-se repetidamente por todo o átrio.
Acompanhada pelas pessoas que me vieram ver, sigo feliz para casa.
Domingo
Ponto de encontro: 12h, Majestik, onde recordamos a noite que todos concordamos ter sido fantástica.
Mas não há tempo a perder, pois mais dois espectáculos, também eles lotados, nos esperam. O aquecimento é substituído por momentos de danças malucas e palhaçadas que nos dispõem bem.
O espectáculo da tarde, muito graças às dores terríveis de pés, não me é muito famoso, mas em geral corre bem.
Ainda falta uma última apresentação, mas a angústia do fim começa a apoderar-se de mim.
Os pés latejam de forma insuportável, as unhas sangram, mas ao entrar em palco esqueço tudo e penso em dar o meu melhor.
Quando a Dorothy se eleva nos "céus" pela última vez, as lágrimas são incontroláveis; os agradecimentos, ao som de "Somewhere over the rainbow", e últimos festejos são já banhados pela torrente de saudade do que acabou de terminar.
Abraço um por um os colegas desta longa caminhada, recordando tardes passadas entre gargalhadas, gritos e suor.
O mundo de Oz fechou as suas portas à E.B.A.
4 Comments:
At 24/2/07 20:57, Anónimo said…
não sei do que falas, porque não faço parte desse mundo - mas, ao ler te, quase que entendo o que sentes, e o porquê de ser tão importante para ti isto tudo ;)
beijo grande
At 26/2/07 01:19, ... said…
ohhh que lindo..quem me dera ter visto...
At 27/2/07 18:41, Taralhoca said…
Trabalhar em conjunto para um projecto que apaixona a conjunto é fantástico. A excitação dos últimos preparativos, a estreia...
A inveja...aqui da je!;)
As roupas eram lindas, a tua cara mais linda ainda, mas será a imagem das unhas sangrantes que irá permanecer cmg para sempre...
At 5/3/07 16:17, Heidi said…
Amiga... estás lindaaaaa.... deve ter sido um fim de semana fantástico! Nota-se em cada linha escrita que respiras ballet... És e serás sempre a nossa pequenina e lindíssima bailaroska! beijo de saudades!
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