E ontem foi assim

Já aqui tinha dito, a outro propósito, que o regressar da festa era algo triste. Por isso, mais uma vez me sinto assim. E tudo porque o dia de ontem foi fantástico. Desde o ensaio geral, ao espectáculo à noite, ao convivio com todos os bailarinos que actuaram...

Cada subida ao palco parece a primeira. Os nervos afloram à pele, o coração bate mais descompassadamente e os sorrisos tornam-se nervosos. E é maravilhoso.
Nos bastidores damos as mãos numa corrente de energia: "EBA!", gritamos a uma voz.
Entro em cena e as luzes conseguem acalmar-me um pouco. Não vejo o público mas sinto-o. Cinco pessoas vieram ver-me; é sobretudo para elas que danço. Tento dar o meu melhor e não desanimar com os pormenores que correm menos bem.
A 1ª parte da coreografia termina. Segue-se o meu dueto: só eu e uma colega em palco; os olhares estão mais concentrados e o sentido de responsabilidade é maior. As pernas tremem um pouco mas tentamos não o deixar transparecer. Abraçamo-nos felizes, conseguimos!
No final, aquele som tão apaziguador e reconfortante: as palmas. Agradecemos e seguimos a nossa coreógrafa em direcção aos bastidores. Congratulamo-nos pelo resultado e lamentamos o facto de ter chegado o fim.
Nunca sei quando será a última vez para mim. Mas sei que não quero que seja esta.