bailaroska

Bailaroska. (Quase) desde sempre e para sempre. Mesmo quando as pernas já não executarem um perfeito arabesque, quando os pés não aguentarem as pontas e o equilíbrio se for. Porque mais do que uma ocupação, ser bailarina é um estado de espírito e um modo de vida. O meu. Aqui fica o relato das minhas piruetas, dentro e fora dos palcos...

terça-feira, março 18, 2008

Telemóvel e internet: já não sabemos viver sem eles...
Depois de uma semana fantástica, desejosa de relatar as novidades, vejo-me impedida de as partilhar com o mundo cibernáutico...
Bem, assim deu tempo de acalmar a melancolia pós-férias e de juntar os pedacinhos que tinham ficado pela Suécia...

(Aviso à navegação: este post poderá conter informação absolutamente desnecessária e possivelmente maçadora. Desaconselha-se, por isso, o visionamento àqueles que não queiram bocejar no local de trabalho ou perder preciosos minutos das suas férias).

A alvorada é às 6.30 da matina. Rumamos ao aeoroporto, o estômago algo embrulhado ante a visão dos aparelhos do demo. Somos 2, eu e ele, uma mala quase vazia com excesso de peso, um saco cheio de encomendas para a Tânia e outro repleto de um delicioso farnel que esperemos dure até ao final da nossa longa jornada.
Porto-me bem; acho que recomeço a perder o pânico do voo (mas sempre alerta!)
Apesar de aterrarmos na Suécia, o nosso destino ainda se encontra longe. Entre estações de comboio com nomes a fazerem-nos olhar para o mapa para confirmar se o avião não se desviou da rota e nos levou para a China (Nixoping e Norrxoping), perdemos o resto do dia.
São 21.40 quando somos abraçados pela Tânia de cabelos brancos. São flocos de neve que nos recebem em Lünd.

O dia seguinte serve para matar saudades, para passear pela cidade já nossa conhecida e para experimentar um jogo de laser em que morri mais vezes do que um gato. Decididamente, não tenho um Jack Bauer dentro de mim...

3º dia: turista não dorme, pelo que às 8.30 estamos a apanhar um comboio para Estocolmo. A Tânia já me tinha avisado, mas confirmei-o: cidade maravilhosa. Sob um sol radioso, os canais brilham de um azul intenso e as fachadas de cores garridas atraem o olhar. Perco-me em Gamla Stan, a cidade velha de ruas estreitinhas, comércio tradicional, restaurantes italianos e pastelarias de aspecto acolhedor, onde volto sempre que tenho um tempo livre.

A Tânia, que ficara em Lund a trabalhar da parte da manhã, recolhe o Bruno no aeroporto e juntam-se a nós.
Por esta noite, ficamos num pequeno barco convertido em hotel, com vista para o canal. Saimos para um jantar num dos lindos restaurantes da Cidade Velha, à meia luz, num ambiente quente (de tal modo que chamusco o meu cabelo na lamparina que alumia a nossa mesa).

Ao fim da tarde do dia seguinte (o sol continua a acompanhar-nos - os Suecos dizem ser este o Inverno mais quente dos últimos 50 anos), embarcamos num mini cruzeiro que nos levará a Helsínquia.
Somos a nata da nata (sim, porque a nata é uma coisa foleira que todos põem para o lado): estamos no "Under car deck"; a cabine é minúscula e entre malas de 4 pessoas e 4 beliches mal nos mexemos, mas a animação fora dela é demasiada para que lá passemos mais tempo do que o estritamente necessário.
Jantamos soberbamente e cantamos os parabéns ao aniversariante, cujos comentários sempre rezingões nos fazem rir até às lágrimas. Decididamente, os velhos dos marretas têm um substituto à altura.
Mas o melhor ainda estava para vir... Num dos bares, onde estava um grupo a tocar boa música ao vivo, decidimos ir dançar. Mas rapidamente nos sentamos para melhor apreciar o espectáculo. Melhor que cinema! Só faltavam as pipocas.
Nos cruzeiros as pessoas ficam loucas e perdem todas e quaisquer inibições. Difícil descrever os cromos que desfilaram perante os nossos olhos. Impossível escolher o rei entre eles. Para a História, fica a Betty Feia, o Barriguinhas (TUDO o que vem à rede é peixe), o espasmódico (dança como se tivesse uma dor de rins), o maestro (de tal forma conduzia a banda que o saxofonista, já irritado, lhe ofereceu o instrumento), o rapaz que num acesso de loucura despe o casaco e o atira contra a cara de um senhor que tranquilamente bebia o seu martini, o rojão com os seus saltitantes airbaigs, a estaca de casaco branco cujas coreografias consistiam em pescar um peixe e depois nadar como o dito cujo, and so on...
Impossível conter as gargalhadas. Só visto.
Apesar dos solavancos do barco e do ruido dos motores, dormimos até chegar à Finlândia.
Espera-nos um tempo bem mais cinzento. Valem as luvas da neve, os gorros de pelo, os casacos bem apertados e os polares quentinhos.
Helsínquia tem uma forte influência soviética (a Rússia ali tão perto..); é uma cidade escura, excessivamente sóbria, com alguns apontamentos de bela arquitectura. O que torna a cidade encantadora é o manto branco que a cobre. Nevou fortemente e estamos rodeados de neve. A meio do dia começa a nevar com força. Não nos importamos, embora se torne mais dificil caminhar contra os grossos flocos e pior ainda guiarmo-nos pelo mapa que vai ficando ensopado.
Gelados, retornamos ao barco, onde nos aguarda mais uma noite igual à anterior. Desta é deliberado. Jantamos cedo para arranjarmos lugar na 1ª fila. Os concorrentes da segunda noite não nos desiludem.
A viagem aproxima-se do fim. Ao chegar a Estocolmo, na TV Tower, umas panquecas algo queimadas mas ainda assim deliciosas, são o nosso brunch. A comida sueca não é grande espingarda; safam-nos (e muitissimo bem) o maravilhoso pão e ainda melhores doces. Resultado, engordei quase 3 kg, apesar do muito que caminhámos.

Nos 2 dias que nos restam, fazemos compras, visitamos portugueses em Erasmus, relaxamos na piscina do último hotel e escapamos à chuva do último dia num passeio de barco pelos canais da cidade.

São 18.20 do dia 10: a Tânia é a 1ª a partir. O 1º pedacinho do coração cai. Para nós, ainda faltam muitas horas para chegarmos a Portugal. O voo é só às 6.30 e a noite é passada em claro no aeroporto. Impossível dormir naquelas cadeiras de pau...

No rolo, vêm as fotos das paisagens, dos sorrisos, da neve. na máquina de filmar, registadas as gargalhadas, as piadas, os momentos. No coração, a vontade de ficar. Mais uma semana, um mês, dois...
Lünd
Estocolmo, da escotilha da nossa cabine



Gamla Stan






Gamla Stan

No Barco da Viking Line, a caminho de Helsínquia
Lago gelado


4 Comments:

  • At 18/3/08 13:35, Anonymous Anónimo said…

    ola ela!!! HUMPF!! eu gosto da nata e não a ponho de lado!!! nem a do leite, nem a de que tu falas (tu, e companhia) ;)

    estou com dor de cotovelo. voto pelo arroz de cabidela da willow!

     
  • At 19/3/08 19:29, Blogger Taralhoca said…

    Arroz de cabidela? A Sr. D. Ameixa vai abrir restaurante na Suécia e estão a discutir menus?

    Ora eu que não dava um chavelho, salvo seja, pela Escandinávia, fiquei mortinha por ir até lá gelar os ossos.
    Mas duvido que a companhia fosse tão boa.

    PS: A menina fica lindíssima com o chapéu.

     
  • At 26/3/08 18:49, Blogger Willow said…

    O arroz de cabidela continua a parecer-me uma boa ideia.
    Rapariga.. como é que tu andas com um casaquinho tão branquinho e não te sujas toda?
    Eu devo ser uma grande porca...

     
  • At 31/3/08 12:11, Blogger bailaroska said…

    Arroz de cabidela parece-me bem; mas só se eu não for o ingrediente principal!

    Willow, a máquina é que não deixa ver bem...Depois desta viagem, foi direitinho para a lavandaria!

     

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