bailaroska

Bailaroska. (Quase) desde sempre e para sempre. Mesmo quando as pernas já não executarem um perfeito arabesque, quando os pés não aguentarem as pontas e o equilíbrio se for. Porque mais do que uma ocupação, ser bailarina é um estado de espírito e um modo de vida. O meu. Aqui fica o relato das minhas piruetas, dentro e fora dos palcos...

terça-feira, dezembro 29, 2009

AVATAR

O Natal foi lindo, como sempre. Bem, não como sempre, mais feliz e animado do que nos anos anteriores. Assim me pareceu. Todos estavam bem dispostos, com espírito natalício, o barulho das nossas vozes era ensurdecedor (o que é um excelente índice de bom ambiente), a noite passou a voar.
Este ano deixámos a missa do galo para os incautos que ainda desconhecem a verborreia ridícula e incessante do pároco de terra próxima. Assim, jantámos mais tarde; apresentámos uma montagem de fotos de toda a familia desde os tempos mais idos até à actualidade, com banda sonora de qualidade; abrimos as prendas sem olhar para o relógio (com um dos meus tios, o mais "trinca-piolhos", de minuto a minuto a meter-se conosco, os adeptos da dita missa, do alto de uma cadeira, perguntando: não vão missa do galo?).
Este ano não houve "desertores": todos dormiram na casa grande e fria que acolhe o nosso Natal. Nem me importei de partilhar a cama, dormindo assim menos bem.
O dia de Natal foi a continuação da celebração familiar da véspera, com muitos filmes à mistura.

Mas o que me fez sair do torpor e impulsionar a vontade cada vez menos frequente de arrancar frases ao teclado, foi o filme que dá titulo ao post de hoje.
Decidi vê-lo, sem muita convicção, no sábado dia 26, numa tarde em que muitos andavam às trocas dos presentes de Natal, outros tantos no cinema e eu sem companhia para nada fazer. O lugar na 2ª fila e os óculos 3D quase me demoveram do intento.
Salvé a persistência!

Há muito que um filme não me preenchia tanto, fazendo-me querer correr para casa para comentar o que tinha visto e incentivar outros a vê-lo. Procurei críticas, de espectadores, como eu, e de críticos mais abalizados. Muitos partilhavam o meu deslumbramento.
Não será um filme de grandes interpretações ( que não é, mas também não é filme para tal), terá alguns clichés. Seja.
Mas é um filme visualmente arrebatador. Um filme emocional. Que me fez sair da sala de cinema feliz. E com vontade a todos falar dele.

(E giros, que são os "mostrengos azuis", como lhes chamou o Miguel ;))

E eu nem sequer tive a experiância a 3D, uma vez que da fila onde eu estava os óculos pouco mais eram que um acessório inútil...

quarta-feira, dezembro 23, 2009

Será que me atrevo a dizer... que estou com um espírito natalício e com uma vontade imensa de gozar os próximos 2 dias como há muito não sentia?
Atrevo!!

FELIZ NATAL para todos!!

quarta-feira, dezembro 02, 2009

E acabou

Por aqui, a contagem decrescente terminou uns dias antes. Fruto da azáfama dos últimos dias. Sábado passado num vai e vem de casa para o Teatro, a levar os últimos adereços, horas a fio num ensaio geral onde tudo correu mal, a fugir da chuva que não parava de cair.

Domingo é dia de estreia, difícil conciliar o sono. Chega-se cedo ao teatro, para ensaiar mais uma vez o que correu menos bem, para verificar luzes que no dia anterior não funcionaram, para almoçar (mais uma vez massa!!) no chão do corredor entre os camarins, para pentear e ser penteada, pintar, aquecer, gritar em coro e finalmente... dançar.
Abro o espectáculo: a responsabilidade continua a tolher-me as forças das pernas e não consigo ser eu, libertar-me e aproveitar o meu sonho. Mas a dose de nervos esgota-se naquele minuto e meio. 30 segundos para trocar de roupa, ali mesmo na pernada do palco, e entrar novamente: e agora sim, acompanhada das outras bailarinas, danço com alma, com gosto, com pés firmes no chão ou pernas bem lá no alto.
O 1º acto termina depressa. Com igual rapidez trocamo-nos de freiras para desengonçadas marionetes. Que gozo me dá este papel!
3º acto: soldados. O longo marchar em cima das pontas é penoso, mas só nos apercebemos no final.
Durante o espectáculo, nas pernadas, vamos torcendo pelos nossos colegas, sentindo um nervoso miudinho por eles, torcendo as mãos nas partes que sabemos serem mais dificeis, dando pulos de alegria quando algo lhes sai bem, sentindo a felicidade deles em nós.
Nos agradecimentos, sorrio de felicidade. O saldo foi francamente positivo!
Segunda e terça a jornada repete-se. Com igual sucesso.
No descer do último pano, as lágrimas correm-me já pela cara. Abraçada a duas amigas que se comportam como eu, ouço: "Estas choram sempre". É a Paulinha, de 10 anos, que ainda não percebe a dor de ver um pano fechar definitivamente sobre um trabalho que começámos a preparar há mais de um ano e que apresentámos 2 vezes. Que ainda tem anos de palcos pela frente e não percebe o doloroso que é pensar no pouco tempo que me resta a mim em cima deles...
Para enxugar as lágrimas, nada melhor que o jantar que se seguiu, com bailarinos, professores e técnicos. Será possivel rirmo-nos e divertirmo-nos cada vez mais? Cantando versões hilariantes de músicas conhecidas, observando os mais cómicos imitarem os maneirismos de cada um dos bailarinos do espectáculo e rindo até à exaustão, penso no quão feliz sou junto daquelas pessoas, fazendo o que mais amo na vida. E desejo que não acabe nunca.