bailaroska

Bailaroska. (Quase) desde sempre e para sempre. Mesmo quando as pernas já não executarem um perfeito arabesque, quando os pés não aguentarem as pontas e o equilíbrio se for. Porque mais do que uma ocupação, ser bailarina é um estado de espírito e um modo de vida. O meu. Aqui fica o relato das minhas piruetas, dentro e fora dos palcos...

quarta-feira, janeiro 20, 2010

São Gonçalinho

Neste dia, de festança,
p'ra ti vai nosso carinho
Hás-d'ir conosco na dança,
Ó rico, São Gonçalinho;
Hás-de saltar as fogueiras,
à noite no arraial,
Dançar com velhas gaiteiras,
Uma dança divinal

É esta música, entre outras, que se ouve e canta repetidas vezes durante a arruada do S. Gonçalinho, que percorre as ruas da beira mar ao final da tarde da 2ª feira das festividades.
De braço dado e passo gingão, muitas vezes de cavaca na mão, esta é uma tradição que para mim tem cerca de 15 anos, tantos quantos os da minha amizade com a Sofia.

Mais recente é a tradição de partilhar parte do domingo anterior com esta família. A meio da tarde dirigimo-nos à capela de S. Gonçalinho, do cimo da qual se atiram as cavacas, em jeito de cumprimento de promessa. Segue-se o jantar farto: homens de um lado, mulheres do outro; com o passar do tempo, a linha divisória esbate-se. Mas não a alegria, as conversas cruzadas, os bons petiscos e a apuradíssima chanfana da D. Elisabete.
Este ano, o domingo trouxe novidade: 2 amigas de Castelo Branco, que largaram a neve da sua cidade pela "neve de açúcar" que se desprendia das cavacas atiradas do alto da capela. A generosidade do Santo, que está na base deste costume, é entendida por uma delas como um atentado bárbaro à comunidade leprosa, alvo das oferendas do santo. Que o pão duro atirado do cimo das muralhas é arma letal para criaturas com membros tão frágeis como eles. Enfim. Comeu e gostou. Subiu, atirou e mais gostou ainda.
Novidade foi também o "João da Sofia". A caminho da capela, qual pai pai Natal, de saco às costas recheado de cavacas, queixava-se: 7 kg? Se é pelo simbolismo bastava atirar uma! Já lá em cima, os queixumes transformam-se em pedidos de "mais 20 kg!"; tão imbuído que fica do espírito que contrai lesão muscular ao atirar uma cavaca em jeito boomerang.

As meninas partem rumo à neve a sério. Nós, resgatando a outra Mia, refugiamo-nos no quentinho da sala familiar. Há tanto tempo que somos as 3 e nem uma foto conjunta temos. O Bita, fotógrafo de serviço, trata de fazer o "retrato das manas".

A festa termina à meia noite de 2ª para 3ª, com um belíssimo fogo preso/de artifício acompanhado de música de cabaret(??), o que apesar de invulgar para a comemoração em causa, produz um efeito e uma excitação grandiosos. Lindo!

Do Santo diz-se que é santo para toda a causa, mas também que é vingativo. Nunca senti a sua ira ou retaliação, apenas a alegria das coisas boas que desde pequena sempre me proporcionou.

sexta-feira, janeiro 08, 2010

O início e o fim

Numa mesma semana, um nascimento e uma morte.
Segunda dirijo-me ao Hospital para ver uma amiga e a sua linda filhota. Tão pequenina quanto perfeitinha. A mãe transmite saúde e alegria. Parece que sempre foi mãe.
No átrio, enquanto nos revezamos nas visitas, converso com uma amiga que há muito não via. Conta-me como o pai esteve gravemente doente; embora ainda internado, confia na sua boa recuperação e a segurança que nos transmite faz-nos crer que nada para além de um desfecho feliz se avizinha.
3 dias depois a noticia chega. A esperança acabou.

Numa mesma semana, uma vida que começa, outra que se apaga.